segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Avaliação de Recursos Digitais Online

Professores e educadores defrontam-se com o avanço galopante e com os desafios das Tecnologias de Informação e Comunicação e pretendem integrá-las nas suas práticas educativas e, por sua vez, incuti-las aos seus alunos, nativos digitais.

No entanto, para isso, é importante envolver os professores na avaliação de software educativo
incitando-os para a sua análise, reflexão e potencialidades educativas, uma vez que cabe ao professor a selecção dos recursos educativos a utilizar em sala de aula ou em ambiente de ensino/aprendizagem. Se cabe ao professor/educador a selecção do software educativo, é importante que este seja usado antes do início do ano lectivo, pois cada recurso educativo tem características específicas e próprias. Para além disso, também é importante questionar em que medida a Escola está a usufruir da evolução tecnológica e do potencial educativo e, acrescento, qual o papel da Escola no avanço tecnológico (Costa, 2008).

Para que o professor possa assumir a responsabilidade da selecção dos produtos educativos é necessário possuir formação mas, mais importante, estimular a sua capacidade de analisar criticamente o software educativo disponível pois é atribuída pouca importância na avaliação
da sua qualidade. Para isso, surgem recomendações em torno do trabalho de análise e reflexão:

- Urge avaliar os recursos educativos digitais, ou seja, devem existir diferentes perspectivas associadas ao processo educativo, conjugando a vertente psicológica, didáctica, curricular
e tecnológica. Envolver uma equipa multidisciplinar é apelativo e encorajador, no entanto, por vezes, nem sempre esses recursos estão disponíveis.

- Na utilização das TIC, o professor deve possuir formação e reciclar aprendizagens de forma a mudar a sua atitude em relação às tecnologias de informação e comunicação e adquira consciência do seu potencial como ferramenta de aprendizagem.

- A produção de software deve estar consolidada sobre o processo de aprendizagem e beneficiar a produção de recursos que favoreçam o pensamento crítico e a metacognição (Costa, 2008). Por metacognição entende-se o “conhecimento do próprio conhecimento, à avaliação, à regulação e à
organização dos próprios processos cognitivos” (Ribeiro, 2003).

- É importante que a produção de software seja um fator de motivação para os alunos, ou seja, não focar apenas os tópicos dos programas escolares. Perspectivar-se no lugar do aluno e ver os
temas que possam ser interessantes, relevantes e motivadores.

- Deve-se investigar a implementação dos materiais multimédia associados ao processo ensino – aprendizagem (Costa, 2008).
Para além das recomendações apresentadas, para analisar o software educativo é importante constar na caixa as indicações de forma a identificar o título, o ano de edição, a editora, os destinatários, a área temática, os objetivos e a língua utilizada. Outro aspeto a analisar é o início e a apresentação, ou seja, é importante haver uma apresentação e só depois passar para o menu. Quando a apresentação perde o efeito novidade basta um clique para avançar e aceder ao menu.
Este último, apresenta as atividades mais importantes ou as existentes e deve estar sempre disponível de forma a facilitar a navegação e a exploração da informação. Para navegar, a informação tem de estar visível para que o utilizador possa ter noção para onde se dirige e, para isso, é importante que o mesmo compreenda a estrutura do documento. Por sua vez, a estrutura vai condicionar a liberdade de navegação do utilizador. Importa referir que existem três tipos de estruturas: a estrutura linear ou sequencial o utilizador está condicionado em termos de opções, ou seja, só pode avançar ou recuar na informação. A estrutura hierárquica o utilizador pode optar por o que quer ver. Na estrutura em rede o utilizador pode navegar livremente mas a possibilidade de se perder no hiperespaço são bastante grandes.

As atividades ou os conteúdos devem estar adequados à faixa etária do utilizador, ao programa curricular e não refletir preconceitos ou estereótipos. Outra particularidade da atividade prende-se com o nível de dificuldade para estimular o utilizador. A interface para ser fácil de interagir deve ser intuitiva e consistente, ou seja, permitindo ao utilizador elaborar um mapa mental de forma a orientar-se no documento. Para além disso, verificar o tamanho e tipo de letra utilizada; o contraste de fundo e caracteres; e imagens com qualidade gráfica. Se existir música o utilizador
deverá ter a opção para os interromper, reiniciar ou desactivá-los. Devem ser apresentadas sugestões para pais e educadores; a possibilidade de imprimir diplomas, ou seja, a
criança fica emocionada perante um diploma que demonstre o seu desempenho; estabelecer
hiperligações para sites na Web para visualizar informação, atualizar conteúdos e disponibilizar novas atividades; a ficha técnica dos recursos educativos online deve ser disponibilizada e, por último, deve estar sempre visível a possibilidade de sair dos software educativo multimédia, ou seja, ao sair do aplicativo o utilizador deve ser questionado se o pretende fazer (Carvalho, 2008).

É importante avaliar os recursos educativos digitais pois a sua avaliação aumenta a qualidade dos mesmos, é útil para os professores e para as escolas pois são fornecidas informações sobre a
forma como utilizar os recursos e ajuda na pesquisa de materiais de qualidade. Avaliar significa ajudar a melhorar as suas práticas de desenho e produção de materiais de recursos digitais. Para além disso, avaliações positivas/assertivas ajudam a promover o reconhecimento social dos seus
criadores e programadores. Avaliar significa avançar, retroceder, avançar novamente e colher os frutos desse trabalho (Ramos, et al, 2008). Apesar da elevada expectativa sobre a utilização do software multimédia em sala de aula e apesar da mudança de atitude positiva dos professores em relação à sua utilização, a verdade é que o seu uso continua a ser reduzido. A mudança de
atitude do professor em relação à utilização das tecnologias de informação e comunicação no processo ensino – aprendizagem por si só não é suficiente. Trata-se de saber como fazê-lo adequadamente com as práticas educativas atuais dos professores (Costa, 2008). Apoiar os professores “oferecendo-lhes a oportunidade de serem eles próprios a descobrir e a concluir sobre o valor pedagógico dos conteúdos que vão estando disponíveis” (Costa, 2008) é
igualmente fundamental. No entanto, não existem estudos suficientes sobre o uso pedagógico dos recursos educativos online, as escolas quase que não beneficiam da sua utilidade e existe uma ausência de critérios de qualidade (Costa, 2008).

Referências Bibliográficas

Carvalho, A. (2008). Como Olhar Criticamente o Software Educativo
Multimédia. Cadernos SACAUSEF. Obtido em 4 de janeiro de 2012, de
dgidc: http://www.crie.min-du.pt/files/@crie/1186584666_Cadernos_SACAUSEF_70_83.pdf

Costa, F. (2008). Avaliação de Software Educativo – Ensina-me
a Pescar! Cadernos SACAUSEF. Obtido em 4 de janeiro de 2012, de
dgidc: http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1186584598_Cadernos_SACAUSEF_46_53.pdf

Costa, F. (2008). A Aprendizagem como Critério de Avaliação de Conteúdos Educativos on-line.
Cadernos SACAUSEF. Obtido em 11 de janeiro de 2012, de dgidc: http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161396_04_CadernoII_p_45_54_FAC.pdf

Ramos, J., Duarte, V., Carvalho, J., Ferreira, F., Maio, V. (2008). Modelos e Práticas de Avaliação de Recursos Educativos Digitais. Cadernos SACAUSEF. Obtido em 5 de janeiro de 2012, de dgidc: http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161451_06_CadernoII_p_79_87_JLR_VDT_JMC_FMF_VM.pdf

Ribeiro, C. (2003). Metacognição: Um Apoio ao Processo de Aprendizagem. Psicologia: Reflexão e Crítica. Obtido em 3 de janeiro de 2012: http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16802.pdf